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Relação do uso da MACONHA por pessoas com pré disposição a transtornos

  • Foto do escritor: Dra. Mônica de Lima Azevedo
    Dra. Mônica de Lima Azevedo
  • 22 de set.
  • 3 min de leitura


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Risco de psicose (especialmente em predispostos)

  • Associação consistente e efeito dose-potência: revisões e estudos multicêntricos mostram que uso diário e/ou alta potência de THC estão ligados a maior risco de psicose; em cenários urbanos com mais “high-potency”, uma fração relevante dos primeiros episódios é atribuível a esse tipo de cannabis.

  • Idade de início importa: começar na adolescência eleva o risco e antecipa o início dos sintomas psicóticos; o risco cresce com frequência do uso, traumas na infância, outras substâncias e fatores genéticos.

  • Predisposição genética: pessoas com alto risco poligênico para esquizofrenia têm efeitos psicóticos mais prováveis quando usam cannabis do que pessoas com baixo risco, sugerindo interação gene × ambiente.

  • Consenso de painéis científicos: o relatório da National Academies conclui que há evidência substancial de associação entre uso de cannabis e desenvolvimento de esquizofrenia/psicoses, com maior risco entre usuários frequentes.

Implicação clínica: quem tem história pessoal/familiar de psicose, transtorno esquizoafetivo ou sintomas psicóticos prévios está no grupo de alto risco; evitar THC alto é particularmente importante.



Humor: depressão e transtorno bipolar

  • Depressão: revisões sistemáticas recentes associam uso de cannabis a maior probabilidade de desenvolver depressão e a pior prognóstico em quem já tem TDM, embora a causalidade ainda seja debatida.

  • Bipolaridade: metanálises e revisões indicam aumento de sintomas maníacos, ciclagem rápida e pior desfecho em transtorno bipolar; há sinais de relação dose-resposta em estudos prospectivos.

Implicação clínica: em bipolar (principalmente com histórico de mania/hipomania), THC pode precipitar episódios; orientar evitação ou, minimamente, redução drástica.



Ansiedade, pânico e paranoia

  • O efeito é heterogêneo: parte dos estudos encontra anxiogênese (especialmente com THC alto), enquanto outros descrevem alívio em subgrupos; no conjunto, uso habitual se associa a mais transtornos de ansiedade, mas a força da evidência varia.

  • Paranoia e auto-medicação: dados populacionais recentes sugerem que quem usa cannabis para auto-medicar dor/ansiedade/depressão tende a consumir mais THC e exibir paranoia mais elevada que usuários recreativos (indicando risco adicional em vulneráveis).



Cannabis-induzida vs. transtornos primários

  • Psicose induzida por cannabis (PIC) pode evoluir para transtorno psicótico primário em uma fração significativa dos casos (estimativas em torno de 7% em coortes clínicas, e metanálise indicando taxa mais alta comparada a outras substâncias).

  • Em pacientes com primeiro episódio, manter uso após o início do tratamento aumenta risco de recaída.



Mecanismo provável (resumo neurobiológico)

  • THC é o principal componente psicotomimético — pode induzir sintomas psicóticos transitórios em voluntários saudáveis de forma dose-dependente.

  • CBD tem sinal misto: alguns ECRs sugerem efeito antipsicótico adjunto em esquizofrenia, mas resultados são heterogêneos e ainda experimentais; não é isento de riscos nem substitui tratamento padrão.



Quem está no “grupo de maior atenção”

  • História pessoal ou familiar de psicose, transtorno bipolar, episódios de paranoia/pânico com cannabis.

  • Início precoce (adolescência), uso diário, THC alto (óleos/concentrados/“skunk”), traumas na infância e comorbidades por outras substâncias.


Referências

  • Di Forti M. et al. Lancet Psychiatry (2019): alta potência/dia a dia → maior incidência de psicose; PAF elevado em capitais com “high-potency”. The Lancet+1

  • Kiburi SK. et al. Meta-análise (2021): adolescência + frequência + traumas/genética → risco de psicose e início mais precoce. PubMed

  • Wainberg M. et al. Transl Psychiatry (2021): risco genético amplifica psicose induzida por cannabis. Nature

  • Sorkhou M. et al. Frontiers in Public Health (2024): depressão/bipolar piores com uso; maior chance de TDM/BD. Frontiers

  • Maggu G. et al. Int. J. Nursing Practice (2023): uso ↔ sintomas maníacos e possível via causal em bipolar. Lippincott

  • Beletsky A. et al. Critical Review (2024): panorama ansiedade — efeitos mistos; habitual associa com AD. PMC

  • Schoeler T. et al. 2022/2024: reações agudas (ansiedade/pânico/psicose-like) e continuidade do uso após primeiro episódio → recaída. PMC+1

  • National Academies (2017): evidência substancial de associação com esquizofrenia/psicoses; maior risco entre usuários frequentes. NCBI

  • D’Souza DC. et al. Neuropsychopharmacology (2004): THC provoca sintomas psicóticos transitórios em voluntários saudáveis. PubMed

  • McGuire P. et al. Am J Psychiatry (2018): CBD adjunto reduz sintomas em esquizofrenia (sinal ainda exploratório).

 
 
 

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Dra. Mônica de Lima Azevedo - CRP 06/176626

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